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Nas páginas precedentes já designamos dois graus para cada um desses Luminares oriundos das Auroras da santidade eterna. Um deles, o grau da unidade essencial, já explicamos. "Nenhuma distinção fazemos entre eles." O outro é o grau da distinção e pertence ao mundo da criação e às suas limitações. Neste sentido, cada Manifestante de Deus tem uma individualidade distinta, sua Missão definitivamente prescrita, uma Revelação predestinada e limitações especialmente designadas. Cada um deles é conhecido por um nome diferente, é caracterizado por um atributo especial, cumpre uma certa Missão e lhe é confiada uma Revelação distinta. Assim mesmo como Ele diz: "A alguns dos Apóstolos Nós fizemos exceder aos outros. A alguns Deus falou e a alguns elevou e enalteceu. E a Jesus, Filho de Maria, demos sinais manifestos e Nós O fortalecemos com o Espírito Santo."
É por causa desta diferença em seu grau e sua missão, que as palavras que provêm desses Mananciais do conhecimento divino parecem divergir. Não fora isso, e todas as suas palavras – aos olhos daqueles iniciados nos mistérios da sabedoria divina – seriam, na realidade, apenas expressões de uma mesma Verdade. Como a maioria dos homens não soube apreciar esses graus aos quais nos referimos, sente-se, portanto, confusa e atônita diante das afirmações tão divergentes pronunciadas por Manifestantes que são, essencialmente, um e o mesmo.
Sempre foi evidente que todas essas divergências de expressão são devidas às diferenças de grau. Assim, pois, quando aquelas Essências da existência são consideradas do ponto de vista de sua unidade e seu sublime desprendimento, os atributos de Deidade, Divindade, Suprema Unicidade e Mais Íntima Essência, lhes têm sido e são aplicáveis, já que todas permanecem no trono da Revelação divina, estabelecidas sobre o assento da Ocultação divina. Com seu aparecimento, a Revelação de Deus se manifesta, e através de seu semblante, a Beleza de Deus se revela. Assim é que se têm ouvido os acentos do próprio Deus pronunciados por esses Manifestantes do Ser Divino.
Vistos à luz de seu segundo grau – o grau da distinção, da diferenciação, das limitações, características e normas temporais – eles manifestam servitude absoluta, extrema beleza e abnegação completa. Assim como Ele diz: "Sou o servo de Deus. Sou apenas um homem como vós."
Em vista destas afirmações incontrovertíveis e plenamente demonstradas, esforça-te para entender o que significam as perguntas que fizeste, para que te possas tornar firme na Fé de Deus e não te perturbes com as divergências nas palavras dos Seus Profetas e Eleitos.
Se qualquer um dos Manifestantes de Deus – Aqueles que a tudo abrangem – declarasse: "Sou Deus!", Ele certamente diria a verdade, sem a menor dúvida. Pois já foi demonstrado, repetidas vezes, que, através de sua Revelação, seus atributos e nomes, se tornam manifestos no mundo a Revelação, o Nome e os atributos de Deus. Assim Ele revelou: "Aqueles dardos pertenciam a Deus; não foram Teus!" E diz também: "Em verdade, aqueles que hipotecaram fidelidade a Ti, hipotecaram, realmente, fidelidade a Deus." E se qualquer deles proferisse estas palavras: "Sou o Mensageiro de Deus", Ele também estaria dizendo a verdade, a verdade indubitável. Assim como Ele diz: "Maomé não é pai de homem algum entre vós, mas Ele é o Mensageiro de Deus." Vistos a essa luz, todos eles são apenas Mensageiros daquele Rei ideal, daquela Essência imutável. E se todos proclamassem: "Sou o Selo dos Profetas", realmente só diriam a verdade, sem qualquer sombra de dúvida. Pois eles todos não são mais que uma só pessoa, uma só alma, um só espírito, um único ser, uma única revelação. Todos manifestam o "Princípio" e o "Fim", o "Primeiro" e o "Último", o "Visível" e o "Oculto" – tudo o que se refere Àquele Que é o mais íntimo Espírito dos Espíritos e a eterna Essência das Essências. E se dissessem: "Somos os servos de Deus", isso também é um fato manifesto e indiscutível. Pois eles se manifestaram no máximo grau de servitude – como nunca homem algum atingirá. Assim, essas Essências da vida, em momentos em que estavam profundamente imersas nos oceanos da antiga e sempiterna santidade, ou quando se elevavam até os mais sublimes ápices dos mistérios divinos, declaravam ser sua voz a Voz da Divindade, o Chamado do próprio Deus.
(Bahá'u'lláh, Kitab-i-Iqán - O Livro da Certeza)
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